9 janeiro, 2019 | Posted in: Textos

Encontro com Brenno Furrier

Apenas mais um dia tedioso, não havia nada de bom, nada divertido ou interessante para ser feito. Buscando uma passagem mais veloz da morosidade que o dia trazia, passei a conversar com alguns amigos e conhecidos no WhatsApp e Instagram, entre eles, Brenno Furrier, um Dominador o qual via com curiosidade, e um pouco de medo.

Não sou um santo, tenho meus fetiches, entre eles a podolatria, e um pouco de dominação, mas jamais achei plausível causar dor a outra pessoa, e nem que isso causasse prazer, meus olhos para o senhor Furrier cometiam pré-julgamentos o rotulando como alguém insensível, ledo engano, o que aconteceu na sequência do dia foi não só prazeroso, como uma aula dada por um artista do prazer a um leigo irritante e medíocre.

Depois de falar um pouco com o Mestre Brenno, Pedi para o encontrar, embora com contratempos, consegui ir até um estabelecimento comercial onde tivemos o primeiro contato pessoal, e logo imaginei:

-Então esse é o semeador da dor e sofrimento!

Quanto mais próximo ele chegava mais nervoso eu ficava, uma mescla de pensamentos caóticos de medo, receio, incerteza, indecisão e principalmente curiosidade;então aconteceu.

-Boa noite. Brenno?

-Olá Garoto das cócegas!

“Sua voz, seu rosto…. Não…. Tem algo errado.” Pensei de imediato, o rapaz que encontrei não podia ser tido como um dominador, pelo menos, não a imagem que havia sido criado por mim de um dominador. Sua delicadeza, sua calma, naturalidade, determinação; de imediato aceitei entrar em seu carro e ir até outro local, sem nem pensar duas vezes, e não sei o motivo de confiar plenamente em um até então desconhecido.

O tempo passava e via no belo homem a meu lado não um dominador, mas um príncipe gentil e calmo, a confusão tomou conta dos meus pensamentos. Perguntava-me como alguém tão doce poderia causar dor e sofrimento a outro.

Por fim, fomos até seu estúdio, o imaculado castelo do príncipe que passei a ver com uma curiosidade infantil “Será mesmo que ele é um Dominador? Pode ser não.”. Minha tolice não encontrava limites no preconceito que tinha a respeito de dominadores, e o senhor Furrierconseguia ser exatamente o contrário do estereótipo que montei.

Seu castelo, repleto de tesouros e prêmios, banhado em história e significado, o cuidado em cada detalhe, com cada material, com cada lasca de madeira centenária, nada em seu palácio foi feito apenas por fazer, tudo possui uma energia muito própria, uma pequena parcela da sensibilidade do seu dono.

Utilizando de uma educação primorosa, o príncipe em seu Reino ofereceu a este pobre vassalo uma bebida, e em sequência o nobre foi alvo de incontáveis perguntas, lamentos e desabafos. Pensei:

-Que rapaz maravilhoso, tem algo errado, alguém de sua índole não pode gostar de causar sofrimento, isso não é possível. Eu gosto de dominar, mas não sou capaz de causar dor a ninguém, como ele tem esse sangue frio? Eu não consigo acreditar.

Então vem a notícia, um Sub vem para uma sessão com o Mestre Brenno, Sub este que de tanto confiar em seu Mestre aceitou que um estranho “Eu” assistisse tudo o que poderia acontecer.

-Nossa, ele confia mesmo em você, nem me conhece e aceitou que eu participasse só com um pedido seu.

-Sim, tenho a confiança deles, respeito, minha autoridade não foi adquirida de forma bruta, quem grita é devido o fato de não ter autoridade.

Quando escutei tão bela explicação sobre autoridade, fiquei impressionado, foi o primeiro ponto onde passei a entender melhor a relação entre o Dom Brenno Furrier e seus Subs.

Então chegou o tão esperado Sub, um corpo maravilhoso, pés perfeitos, delicados, sensíveis, uma voz melodiosa, reações sensuais, um verdadeiro pecado encarnado. Sumariamente foi preso na parte externa do baú, possibilitando uma sessão de cócegas e brinquedos eróticos de tortura peniana e peitoral, o prazer e a dor misturavam-se de imediato, e admito não entender muito bem este primeiro momento.

Em sequência, Brenno com muita maestria e delicadeza levou o sub até sua cama, iniciando diversas outras práticas, as quais não vejo necessidade de comentar, mas afirmo que a cada nova forma de torturar o seu “brinquedinho” mais excitado e interessado eu ficava.

Durante toda a noite fui um expectador e um ajudante, servindo MEU MESTRE (sem ser necessariamente submisso) no que era solicitado. Passei a ver o carrasco com bons olhos, pois seu torturado encontrava-se feliz, sorridente, mesmo sofrendo. Tive o seguinte pensamento:

-É isso!!! Que maravilho, que perfeito. O carrasco causa a dor desejada por sua vitima, sem permitir que ela venha a machucar-se, protegendo-a, mesmo que não seja fácil entender. O cuidado, a delicadeza, o amor e devoção com que cada ato de dor é proporcionado, isso não é violência, não mesmo, é magnífico.

Meu intimo foi modificado ao fim da sessão, eu vi um Sub e um Dom satisfeitos, vi sofrimento convertido em prazer, vi a beleza plena do ato, fui capaz de presenciar um ato apoteótico onde um reprovável dominador o qual imaginei ser grosseiro, mostrou-se o mais belo e educado de todos os príncipes.

O meu dia valeu a pena, chegando em casa não pude dormir pensando em tudo que passei vendo a sessão , e claro, pensando na beleza do Sub, tão doce, delicado e educado, quanto no meu príncipe dominante, um retrato divino do mais belo equilíbrio, aquele que domina com suas mãos as duas rédeas chamadas prazer e dor, direcionando-as como bem quer, sendo um verdadeiro maestro nesta orquestra chamada BDSM.

Tudo que tenho a dizer, verdadeiramente, é obrigado.

Com carinho de: Lord Byron.

06 de janeiro de 2019.

1 Comment

  1. Sub SP
    12 janeiro, 2019

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    Olá, Brenno!

    Que belo texto, que sorte desse rapaz que lhe conheceu e teve a oportunidade de entender melhor a relação de DOM/sub com quem eu, sinceramente, considero o Mestre dos Mestres.

    Há muito leio a respeito das práticas, acompanho seu site e de outros dominadores… até já fui a um evento de tal prática em São Paulo.

    Tenho muita vontade de conversar com alguém tão respeitado nesta questão quanto você.

    Que sorte a desse rapaz que lhe conheceu… mais sorte ainda por ter vivenciado, assistido este momento em seu castelo.

    Lhe confesso, ao ler o texto senti uma empatia enorme com quem o redigiu.

    Será que um dia eu teria tamanha sorte?

    Desejo-lhe um 2019 de muitas realizações!!!

    Grande abraço!

    Um admirador, Sub

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